Sete meses e 28 dias se passaram
desde que a vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes,
foram assassinados na Rua Joaquim Palhares, no Estácio, região central do Rio.
Ela havia saído de uma palestra, na Lapa, e estava indo para casa quando o
carro foi alvejado por pelo menos 13 tiros, num crime que chocou o país. Na
época, autoridades estaduais e federais prometeram rigor na apuração para que
os assassinos fossem identificados e punidos.
Afinal, não se trata apenas de mais
um caso de violência num estado que registra mais de uma dezena de assassinatos
todos os dias — foram 380 em setembro, ou 12,6 a cada 24 horas,
segundo as estatísticas mais recentes do ISP. A execução de Marielle e Anderson
foi um atentado contra o estado democrático de direito. Ela estava em pleno
exercício de um mandato outorgado por 46.502 eleitores — foi a quinta vereadora
mais votada do Rio. Portanto, os tiros disparados atingiram também as
instituições democráticas.
Seria
incorreto dizer que nada foi feito até agora. Pelo pouco que tem sido
divulgado, avançou-se em algumas pistas. Mas é frustrante que, após quase oito
meses, ainda se discuta se a apuração está no rumo certo. No início do mês, a
pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a Polícia Federal abriu
inquérito para questionar a investigação tocada pela Polícia Civil.
O
alerta foi dado por um depoimento do miliciano Orlando de Oliveira Araújo, o
Orlando de Curicica, que cumpre pena no presídio federal de Mossoró (RN), e é
apontado pela Polícia Civil como um dos mandantes da execução. Ele acusou a
Delegacia de Homicídios de coagi-lo para assumir o crime. Disse ainda que o
chefe da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, protege os verdadeiros assassinos
e não tem interesse em elucidar o caso. Barbosa rebate as acusações. Afirma que
o miliciano tem 12 homicídios em sua folha corrida e que as investigações estão
sendo conduzidas com dedicação e seriedade.
Quando o crime aconteceu, em março,
a segurança do estado já estava sob intervenção. O que significa que as forças
federais detinham o comando das ações. Assim, era de se esperar um trabalho
coordenado entre União e estado para que o crime fosse desvendado. Pelo jeito,
isso não ocorreu.
As
perguntas feitas na noite de 14 de março permanecem no ar: quem matou Marielle
e Anderson? E por quê?
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