domingo, 19 de agosto de 2018

Exposição sobre arte barroca reúne mais de 200 obras

Mostra de peças do século 17 ao 19, no Sesc Santos, pode ser vista até dia 1º de julho, de graça

Uma das vitrines da mostra "Barroco Ardente e Sincrético" (Foto: Luigi Buongiovanni/AT)
Continua em cartaz a exposição “Barroco Ardente e Sincrético - Luso-Afro-Brasileiro”. A mostra reúne cerca de 200 obras e pode ser visitada até dia 1º de julho, no Sesc Santos, reunindo variadas manifestações do estilo artístico em Portugal e no Brasil, com ênfase em suas expressões em um país miscigenado. Com curadoria de Emanoel Araujo, a exposição apresenta o visitante ao espírito do Barroco, passando por suas referências na cultura erudita e popular, entre os séculos 17 e 19.
O recorte permite ao visitante conhecer as contribuições dos mais expressivos artistas do barroco brasileiro, que são Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814), em Ouro Preto (MG), e Mestre Valentim da Fonseca e Silva (1745-1813), no Rio de Janeiro. O escultor Francisco Xavier de Brito(?- 1751), mestre de Aleijadinho, assim como obras sacras de Portugal e criações de autores anônimos, dentro da vertente sincrética do Barroco, também fazem parte dessa Mostra que segue até 01 de Julho/2018 no Sesc Santos, com acesso livre e entrada gratuita.
“Eu chamo de ardente a questão da tropicalidade do Barroco, evocando o trabalho com a madeira e a mecânica dos afrodescendentes. É também sincrético a partir dessa vertente que engloba o lado profano das festas religiosas, como o bumba-meu-boi do Maranhão, que celebra o São João, a cavalhada de Pirenópolis, em Goiás, os reisados de Alagoas e os cortejos dos maracatus de Pernambuco. O Barroco, para mim, é um movimento que não tem fim. É contínuo na cultura brasileira. Vem de Portugal, mas encontra aqui o campo ideal para essa construção de identidade”, afirma Araujo, diretor-curador do Museu Afro Brasil.
Toda a expografia é feita de luzes e sombras, com música de época (Foto: Luigi Buongiovanni/AT)
O visitante confere ainda pinturas de José Joaquim da Rocha (1737-1807), José Patrício da Silva Manso (1753-1801), Frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819). Ex-votos e artefatos desse período histórico (oratórios, talhas, esculturas, azulejaria, ourivesaria, prataria, porcelanato) se incorporam à travessia do espírito do Barroco, tudo em diálogo com a poesia dos baianos Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711), Frei Manuel de Santa Maria (1704-1768) e Gregório de Mattos (1636-1696). A exposição também conta com a ambientação musical dos principais compositores sacros brasileiros, como José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805), Damião Barbosa de Araújo (1778-1856) e Domingos Caldas Barbosa (1739-1800).
Segundo Emanoel Araujo, esse Barroco multifacetado expõe a força da contribuição portuguesa, mas evidencia “a atitude tropical miscigenada da África e do Brasil”, do sagrado ao profano. “Os africanos e seus descendentes, com presença maciça no Brasil, se apropriaram do movimento do Barroco, sobretudo porque as corporações de ofícios mecânicos absorvem essa mão escrava e contribuem para a ascensão social do negro”, explica o curador.
Corredor onde se inicia a exposição, com ornamentos de igrejas barrocas (Foto: Luigi Buongiovanni/AT)
“Essa exposição se ambienta com uma cenografia que envolve diferentes aspectos da arte barroca. Da azulejaria às paredes internas das igrejas da Bahia fotografadas por Sílvio Robatto na série ‘Barroco Rebolado’, em que ele visualiza a sensualidade das talhas dos anjos e das figuras mefistofélicas”, diz Emanoel Araujo. A exposição apresentará algumas das festas profanas que surgem do advento do Barroco: as cavalhadas de Goiás, a luta dos mouros e cristãos, o maracatu, o Rei de Congo e o bumba-meu-boi maranhense.

Serviço: "Barroco Ardente e Sincrético - Luso-Afro-Brasileiro"
Até 1º de julho, no Sesc Santos (Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida, tel: 3278-9800).Entrada gratuita.Visitas de terça a sexta, das 10h às 21h30; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.

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