Uma obra de arte visual (uma pintura, um desenho, uma fotografia, etc) naturalmente apresentará um assunto, uma expressão e uma composição.
O assunto é o tema, o conteúdo da obra. A expressão é a interpretação pessoal do assunto feita pelo artista. E a composição é a organização dos elementos visuais presentes na obra.
Esses elementos visuais determinam o esqueleto estrutural da obra.
Por que isso é importante?
Conhecer e saber analisar esses elementos nos ajuda na interpretação de obras visuais - a entender melhor a mensagem que o artista quer transmitir para nós por meio do seu trabalho.
Conhecer e saber analisar esses elementos nos ajuda na interpretação de obras visuais - a entender melhor a mensagem que o artista quer transmitir para nós por meio do seu trabalho.
Hoje vamos conhecer pelo menos 4 elementos básicos da composição visual: o ponto, a linha, a forma e a cor. A relação entre eles é o que dá às coisas as formas e os significados que possuem.
Vamos conhecê-los:
O PONTO
O ponto é a unidade básica de representação visual. É onde tudo começa. É a partir do ponto que surgem todas as outras formas. Na série Crianças de Açúcar, de Vik Muniz, podemos relacionar cada grãozinho de açúcar a um pontinho na tela. Juntos eles formam a unidade da imagem.Observe:
Série Crianças de Açúcar, Vik Muniz, 1996. Caiu numa questão de língua estrangeira na prova do PAS do ano passado - veja aqui. |
A LINHA
A partir de um ponto podemos traçar uma linha. A linha é uma sequência de pontos. Essa linha deve ser entendida como força e direção e não apenas como linha de contorno. Isso quer dizer que as linhas direcionam o nosso olhar diante da imagem. Assim, elas também podem gerar sensações psicológicas como paz, agitação, etc.
Para visualizarmos os diferentes tipos de linhas e suas sensações, vejamos o exemplo mostrado em sala dos diferentes tipos de estradas:
Uma linha reta vertical transmite dignidade, firmeza, força, ascensão, espiritualidade, superioridade. Se fosse horizontal poderia transmitir paz, quietude, calma, repouso. |
Se essa linha estiver levemente inclinada pode indicar movimento, dinamismo, produzindo ritmo e orientando o nosso olhar. Aqui essa linha é ascendente indicando superação, ascensão. |
Além de linhas retas temos também as linhas curvas, normalmente associadas à feminilidade, suavidade, elegância e delicadeza. |
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Já as linhas curvas onduladas transmitem a sensação de continuidade, sequencia. |
E ainda temos as linhas quebradas que transmitem rapidez, vibração, austeridade, ritmo. Aqui no caso elas são mistas, curvas e retas ao mesmo tempo. |
Notou como as linhas estão presentes na natureza mais do que imaginamos? Na arte não é muito diferente. Note na gravura do Escher como a distribuição das linhas confundem nosso olhar: ao mesmo tempo que parecem estar bagunçadas e embaralhadas, notamos que estão perfeitamente organizadas.
Ano passado caiu duas questões no PAS sobre essa obra e uma delas menciona o tipo de linha:
Tendo como referência a obra Relativity, de Maurits Escher, apresentada acima, julgue os itens a seguir:Assim como na criação de suas famosas séries de metamorfoses, em que formas geométricas abstratas ganham vida e vão, aos poucos, se transformando em aves, peixes, répteis e até seres humanos, M. Escher baseia-se, na obra Relativity, em conceitos matemáticos, especialmente conceitos de geometria.
A obra Relativity, assim como outras obras de Escher, caracteriza-se por linhas predominantemente diagonais e luz direcionada. Além disso, observam-se, em suas obras, a utilização da técnica do claro-escuro, a construção de planos diferenciados e uma composição arquitetônica geométrica, como as figuras com cabeças em forma de bulbo e vestidas em trajes idênticos na obra Relativity
Ambas as questões estão corretas! (fonte: CESPE)
A FORMA
Uma linha fechada gera uma forma, uma massa. Ao elaborar uma obra a preocupação com a forma dos objetos representados na obra esta diretamente relacionada com seu equilíbrio ou sua instabilidade. A forma piramidal, por exemplo, esta associada ao triângulo que, por sua vez, pela sua simetria (ambos os lados iguais) e por sua base maior que o topo, muitas vezes é associado à perfeição. Um exemplo bem conhecido é a Monalisa, de Leonardo da Vinci.
Mas também temos formas quadradas e circulares na arte. Algumas das obras do arquiteto Oscar Niemeyer são um ótimo exemplo nesse sentido. Essas três abaixo são obras do PAS:
O Museu Nacional, inaugurado em 2006, com suas formas curvas, fluidas, parece uma nave branca pousada na Esplanada nos Ministérios, não é mesmo? Leia mais sobre seu projeto clicando aqui. |
Já a Igreja Nossa Senhora de Fátima, conhecida como Igrejinha, inaugurada em 1958, parece tão leve e delicada que vai sair voando... |
Bem diferente do Teatro Nacional que com sua base pesada e chapada, parecido com uma pirâmide, parece plantado no chão. |
A COR
Por fim, a cor é o elemento agregador, o toque final de uma composição artística. Veja o branco intenso nas obras acima. Não tornam essas construções mais suaves, delicadas e ao mesmo tempo grandes e imponentes?! Se fossem pintadas de preto, por exemplo, assumiriam um olhar totalmente diferente. Por isso dizemos que as cores possuem qualidade emotiva. E existe até uma ciência por trás disso sabia? É a cromologia, ou estudo das cores. De acordo com essa ciência pinturas com cores quentes, por exemplo, são mais alegres, intensas. Já pinturas com cores frias tendem a ser mais tristes ou retraídas. Compare esses dois autorretratos de Frida Kalho e veja como isso tudo faz sentido:
Autorretrato com vestido de veludo, 1926. |
Autorretrato com flores, 1938. |
Ambos os retratos foram feitos pela mesma pessoa mas nem parece, né? Com uma diferença de pouco mais de 10 anos entre eles parece que a artista, no segundo, embora com quase o mesmo semblante, está mais feliz, mais corada, mais saudável do que no primeiro. De alguma forma a primeira imagem é mais serena, comportada, fechada, fria. Enquanto a segunda é mais viva, intensa, aberta, alegre. Isso não quer dizer que uma é melhor do que a outra. Não é isso. A comparação no caso não é pra ver qual é melhor. São obras diferente, feitas em períodos diferentes com características diferentes. Mesmo que tenham sido feitas pela mesma pessoa, ora, as pessoas mudam, não é mesmo? A vida e os acontecimentos que rodeiam o artista mudam o tempo todo e isso sempre se reflete nas suas obras.
Fonte: http://www.falandodeartes.com.br/2016/03/os-elementos-visuais-ponto-linha-forma.html
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