sábado, 18 de agosto de 2018

Caso do Doutor Bumbum expõe diversas irregularidades no mundo da estética

No mercado virtual da beleza, anúncios de perfis com milhares de seguidores prometem bumbum, rostos e seios perfeitos. As estratégias vão de promoções a sorteios e há até mutirões para fazer os procedimentos estéticos.

O preenchimento do bumbum, técnica aplicada por Furtado em Lílian, é o carro-chefe de quem faz a bioplastia. E o polimetilmetacrilato (PMMA) é a substância mais anunciada nas redes sociais, embora não seja recomendada por entidades médicas

Há diversos riscos e vantagens de se fazer esse tipo de procedimento com médicos ou outros profissionais, como enfermeiros, biomédicos e esteticistas. “Todo mundo está injetando tudo em todo mundo. As pessoas começaram a se aventurar e tem o ‘braço’ (vertente) das ‘bombadeiras’, diz Costa, em referência a mulheres que não têm formação médica. Ele defende a exclusividade dos médicos e diz “seguir o bom senso” ao definir a quantidade de PMMA.

Outro problema é o tiro no escuro. “O paciente não sabe o que está sendo injetado. Em vez de colocar PMMA, pode colocar substâncias piores.”

Corregedor do CFM, José Fernandes Vinagre explica que a promessa de resultados, comuns nos anúncios, é vedada. “Há o ‘Vai entrar cheia de celulite e sair sem nenhuma’. Esse tipo de coisa não pode ser prometida.” Sobre o PMMA, o CFM indica que a substância só pode ser injetada em pequenas doses – sem especificar quantidades –, por médicos, e não há estudos sobre a ação a longo prazo do produto. O Conselho Federal de Enfermagem não prevê a prática entre seus profissionais. Já a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que o PMMA é classificado como de máximo risco e o procedimento deve ser feito por um profissional habilitado.

Curtidas e suposta praticidade seduzem pacientes

Há 57 especialidades médicas regulamentadas, diz o CFM. E medicina estética – uma das mais citadas nas redes – não é uma delas. “E mesmo um especialista, um cirurgião plástico ou dermatologista não pode postar foto de pacientes em nenhuma hipótese, a Constituição não permite, até mesmo se houver autorização (da paciente)”, diz José Fernandes Vinagre, corregedor do CFM.

“Ainda confiamos naqueles com mais seguidores”, afirma a especialista em comunicação e redes sociais Ana Erthal, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “Cada foto do Dr. Bumbum tem 10 mil, 20 mil curtidas. Enche os olhos das pessoas.”

http://www.rdnews.com.br/nacional/conteudos/102739
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